Existem morcegos brancos?

Existem morcegos brancos?

Morcegos branco, Diclidurus scutatus

Sabias que existem morcegos brancos? Das mais de 1.100 espécies de morcegos que existem em todo o mundo, há quatro espécies que são de cor branca, incluídas no gênero Diclidurus.

Esses morcegos não são albinos, ou seja, sua coloração branca não está relacionada a uma condição genética. Eles se alimentam exclusivamente de insetos detectados pela ecolocalização.

Depois de detectar o inseto presa, os morcegos batem ele com os antebraços em outra membrana localizada entre as pernas (membrana do uropatágio), onde finalmente o capturam com suas bocas e se alimentam.

Quais são essas quatro espécies de morcegos brancos que existem e onde vivem?

As quatro espécies de morcegos brancos são:

  1. Diclidurus albus Wied-Neuwied, 1819: Esta espécie tem a distribuição geográfica mais ampla e é a mais estudada pela comunidade científica. Está presente desde o oeste do México até o sudeste do Brasil, habitando uma variedade de habitats, desde florestas primárias até áreas urbanas.
  2. Dicliudurus scutatus Peters, 1869: Distribui-se no Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana Francesa e Brasil.
  3. Diclidurus ingens Hernández-Camacho, 1955: Conhecido apenas na Colômbia, Venezuela, Guiana e Brasil, é o maior de todas as espécies.
  4. Diclidurus isabella (Thomas, 1920): Conhecido apenas no Brasil, Venezuela e Guiana, está muito associado a voar sobre grandes massas de água em grandes rios onde captura suas presas.

Ameaças

  1. Perda de habitat devido à destruição de florestas e outras áreas naturais.
  2. Poluição do ar e da água.
  3. Uso de pesticidas e agrotóxicos.
  4. Mudanças climáticas.
  5. Disseminação de doenças (como o fungo causador da síndrome do nariz branco em morcegos).
  6. Caça e perseguição direta por parte dos humanos devido a mitos e superstição.

Essas ameaças podem levar a declínios populacionais e até mesmo à extinção de algumas espécies de morcegos.

A conservação dos morcegos é fundamental para manter o equilíbrio dos ecossistemas e a saúde dos habitats onde eles desempenham papéis importantes, como na polinização de plantas e no controle de insetos.

Em listas internacionais sobre o status de ameaça dessas espécies, duas delas (Diclidurus albus e D. scutatus) estão incluídas em algumas das categorias que definem se um táxon está em perigo.

No entanto, existem diversas organizações e instituições dedicadas a gerar conhecimento sobre essas espécies raras, o que permite criar estratégias para a conservação.

Algumas dessas instituições incluem Bat Conservation International, Red Latinoamericana y del Caribe para la Conservación de los Murciélagos e a Sociedade Brasileira para o Estudo dos Quiropteros, entre outras.

Estudos recentes sobre morcegos brancos do gênero Diclidurus

Por serem animais que voam muito alto em suas áreas geográficas e usarem um sistema de ecolocalização muito sensível, os morcegos brancos do gênero Diclidurus não são fáceis de estudar, pois o método mais utilizado (redes de neblina) para capturá-los não funciona.

No entanto, graças às novas tecnologias, o uso da bioacústica está gerando informações valiosas para o conhecimento e estudos posteriores dessas espécies.

Atualmente, em 2023, foi publicado um artigo na Revista Acta Chiropterologica sobre a distribuição atual das quatro espécies do gênero Diclidurus na Venezuela.

Os pesquisadores, liderados por Bruce W. Miller, forneceram dados valiosos sobre variáveis acústicas e pela primeira vez na comunidade científica, divulgaram as assinaturas vocais de Diclidurus isabellus.

Embora, este estudo representa uma excelente contribuição para a biogeografia, taxonomia e acústica dos morcegos neotropicais e pode ser repetido nos diferentes países onde existam algumas das espécies deste gênero, ainda há muita informação que deve ser documentada nas diferentes espécies.

Da mesma forma, no estudo, os pesquisadores identificaram as possíveis ameaças dentro das áreas geográficas da Venezuela e, com base nessa identificação, propõem planos básicos de conservação para estas espécies.

Para uma leitura mais detalhada sobre o estudo “Distribution of Ghost Bats of the Genus Diclidurus Wied-Neuwied 1820 (Chiroptera: Emballonuridae) in Venezuela, with a Review of Their Vocal Signatures” por Bruce W. Miller, José Ochoa G., Franger J. Garcia e Michael J. O’Farrell, visite o seguinte link da revista Acta Chiropterologica: https://doi.org/10.3161/15081109ACC2023.25.2.008

2 comentários

  1. […] taxidermia, preservação em líquido ou congelamento. Ademais, esses espécimes podem variar de mamíferos e aves a insetos e […]

  2. […] Outras leituras relacionadas a morcegos neotropicais, clique aqui […]

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